Revista Projeto de 1985.
A CASA VIVA. UMA IDENTIDADE COM O MEIO.
Texto: Aurélio Sant’Ana, Antonio José Gonçalves Junior, Frederico R. S. B. Carstens, Mário Cesar Costenaro, Rossano Lúcio Fleight

Uma poderosa e irresistível força de transformação vem tomando conta do Planeta nos últimos anos, abalando de forma arrasadora todos os campos de conhecimento, da política à ciência, da arte à religião, da filosofia à ….; O fantástico avanço de tecnologia e suas conseqüências vão modificando a face do mundo e alterando substancialmente a maneira de pensar da sociedade.

Esse período de efervescência cultural denominado por… de pós-moderno, ou por Toffler de início da terceira onda, ou ainda pós-industrial – refletiu-se de maneira decisiva na arquitetura, com o aparecimento de novas correntes filosófico-estáticas, novos discursos de legitimação, baseados principalmente na ruptura dom modernismo, no esqotamento da ideologia do novo, vota ao passado, etc.

Essa seria uma das maneiras de descrever o que acontece na arquitetura atualmente, e no modo como normalmente se faz uma perspectiva histórica.

Os critérios de classificação e análise da história da arquitetura têm como parâmetro (além da própria arquitetura) o universo de que ela participa, ou seja, a arquitetura é dentro da totalidade dos eventos, muito mais determinada que determinante, sendo por isso reflexo de uma série de fatores interagentes associados.Entretanto a oscilação desses fatores é tão complexa que seu estudo acaba ofuscando as questões fundamentais, ou mais gerias, da história da arquitetura.

Essas questões – que ainda não foram percebidas talvez por não fazer muito sentido no momento, com certeza serão um futuro próximo parâmetros importantes para a análise histórica, e não só da arquitetura, mas de toda a sociedade.

O que veremos à seguir é uma nova história da arquitetura, sob um ângulo, acreditamos, ainda não explorado, escrita por um estudioso do século XXII. Essa visão baseia-se na identidade da arquitetura com o meio tecnológico, que sempre determinou, em todas as épocas, a estrutura tectônica das obras.

História da arquitetura século XXII

A arquitetura, assim como a cultura (tomada no seu sentido mais amplo) de uma sociedade, tem uma estreita relação com o meio tecnológico em que se desenvolve. Desse tipo de abordagem – que se tornou necessário devido às rápidas transformações tecnológicas a partir do século XX – não cabe uma análise das várias correntes filosóficas e estéticas que acompanham a história da arquitetura, como também fica em segundo plano a análise das particularidades do meio tecnológico. Somente desse modo podemos perceber as grandes fazer históricas pelas quais passamos. E por quais provavelmente passaremos.

Não negamos as influências sociais, políticas, econômicas, etc. na arquitetura, mas acreditamos que elas permaneçam a outro nível de classificação, e o fato de as ignorarmos nesta abordagem em nada prejudicará a análise.

Consideramos, então, que o que determinará o período histórico em que cada civilização se encontra e a estrutura física dos elementos que compõem o meio tecnológico, não importando a maneira como são agrupados …. forma, etc.

A Primeira fase histórica da arquitetura, e a mais longa de todas, inicia-se com o surgimento dos primeiros agrupamentos humanos (por volta de 15.000 a.c) e só é superada com o início da Revolução Industrial. A arquitetura desse período é chamada de arquitetura de elementos inorgânicos, época em que os principais componentes das edificações e do meio tecnológico eram pedra, madeira, terra, ferro, etc.

Quando a Revolução Industrial começou a produzir seus frutos, teve início a segunda grande fazer da arquitetura. No princípio, a indústria ainda não trazia grandes inovações, pois era apenas um sensível aprimoramento da tecnologia existente, com sua aplicação em grande escala. Mas, a partir do momento em que começaram a surgir novos materiais, com características não existentes na natureza (resultado do aperfeiçoamento de técnicas cada vez mais sofisticadas), a arquitetura começa a se modificar, incorporando essas inovações à estrutura tectônica das obras. Essa é a arquitetura de elementos inorgânicos sintéticos.

Nesse período, de um desenvolvimento tecnológico nunca experimentado antes, outro componente importante começou a fazer parte da arquitetura: os equipamentos, ou seja, o ‘maquinário’ que fazia o edifício ‘funcionar’ (elevadores, equipamento para conforto térmico-acústico, etc). Surgem também a eletrônica e a informática, que seriam a base da próxima mudança no meio tecnológico. Seu grande desenvolvimento tornou obsoleta e dispendiosa a tecnologia mecânica, e aos poucos a tecnologia eletrônica a foi substituindo.

O meio começou a se tornar inteligente, ou seja, capaz de reagir a determinadas situações e tomar decisões sem a interferência direta do ser humano. Surgiram materiais que sentiam variações climáticas, choque, etc, através de sensores eletrônicos verdadeiros, que coordenava seu funcionamento com eficiência e economia de energia muito maior que os sistemas mecânicos.

Nesse momento da história, a estrutura tectônica e os sistemas de equipamentos já não eram coisas distintas. Nos materiais de construção já estavam embutidas propriedades ‘inteligentes’ que permitiam seu funcionamento num sistema integrado. Esse tipo de arquitetura foi chamado de arquitetura de elementos inorgânicos sintéticos inteligentes.
Mas a maior revolução ainda estava por vir e seria com certeza a mais significativa até então. A biologia nessa época começou a sofrer um grande impulso, com o avanço da engenharia genética e pesquisas nos mais variados campos.

A utilização de microorganismos para a produção de matérias-primas, alimentos, remédios etc. começa a tornar mais viável (energética e ecologicamente) e estudos sobre DNA e o código genético vão trazendo ao mundo novas e inquietantes descobertas. Paralelamente a isso, o não menos crescente desenvolvimento da informática leva a miniaturização dos componentes eletrônicos a atingir a escala molecular. Daí à utilização das próprias moléculas – com características adaptadas – no lugar dos circuitos eletrônicos foi um passo.

O computador orgânico (com componentes eletrônicos e orgânicos) foi uma das primeiras realizações dessa nova civilização que florescia: a civilização da simbiose eletroorgânica. A facilidade de obtenção, reprodução, manutenção etc. da tecnologia orgânica e eletroorgânica, e atualmente o meio tecnológico é praticamente orgânico. Como conseqüência disso, surgiu a……. elementos orgânicos, que é provavelmente a arquitetura arquitetônica mais compatível com o …..(e com todo o ecossistema) da história.
Seria difícil para uma pessoa que vivesse, por exemplo, no século XX imaginar que a civilização pudesse chegar a tal ponto. Provavelmente, relutaria em acreditar que para se construir uma habitação no século XX….. ao arquiteto selecionar no código genético de suas células vivas as características necessárias à….ou seja, os projetos são feitos diretamente na …DNA.

A partir disso, a casa está pronta para crescer de modo com as características desejadas. O processo duro, pouco tem a ver com os processos vitais das plantas orgânicas no seu estado natural. A casa cresce e… reduzidíssimo e apresenta propriedades que não alteram sua regeneração e envelhecimento. Todos os sistemas de sobrevivência (os antigos equipamentos) assim como seu funcionamento (metabolismo), terminados também no código genético.

Maior ainda seria a perplexidade desse habitante no século XX se lhe fosse dado o privilégio de uma … século XXII, ao notar que o mundo em nada se assemelha ao que ele provavelmente imaginaria: …orgânicos amorfos, monstros mutantes etc.

Obviamente o meio tecnológico orgânico pouco tem a ver com o meio orgânico natural, pois suas características são resultado de adaptações e necessidades recentes. O que há de comum é que, assim como a natureza passou do inorgânico ao orgânico na sua maioria, a tecnologia humana também passa atualmente sua fase orgânica.

Essas transformações, com certeza, não pararão. Prevê-se que a civilização orgânica será em breve superada pela civilização dos campos, ou seja, haverá apenas campos de força (criados artificialmente) …o espaço. Esses campos que já existem, gerados por ações biológicas e físicas adequadas, serão dentro de algum tempo facilmente controlados e gerados, aos avanços significativos nos estudos de …campos gravitacional e da teoria quântica do…

Nesse ponto, a civilização estará em simbiose das próprias forças do universo – já que este é um …sistema de campos -, sendo que o meio tecnológico constituirá um sistema de campos do campo …integrado os campos locais e todo o universo.

Autoria : Projeto Germen

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